sábado, 12 de dezembro de 2009

Traição

A chave gira, abri-se a porta, no chão, com um chute, um envelope voa, um envelope pardo como deveria de ser. Antes de dizer o que ele contém, é melhor que conte de onde veio ou o que importa sua presença.

***

-Siga-os. Quero saber tudo o que fazem. Se jogarem um papel no chão quero documentado - desligou o telefone e assim foi feito.

Por duas semanas nada foi tão seguido quanto os dois amantes. Isso rendeu boas fotografias que fizeram parte das provas do adultério. Mas antes seria necessário esclarecer certos aspectos:

- Já disse pra não me ligar, temos dias certos pra fazer contatos e não admito que sejam ignorados.

- Sei disso, mas ficamos de acordo, que dependendo da urgência, eu tomaria a iniciativa do contato.

- E do que se trata?

- Tem alguma coisa muito estranha nos alvos: o homem, devido aos hábitos, me parece solteiro, e tenho certeza de que a mulher é casada.

- Não te pedi para levantar hipóteses, te contratei para seguir duas pessoas e gerar provas de que mantém um relacionamento, e é o que quero que faça.

Assim foi feito. Sem mais perguntas o trabalho foi cumprido e o "material" foi entregue, tudo muito anonimamente, sem nenhum contato direto. Deixadas numa caixa postal de onde, só dias depois, foram retiradas e postas sob a porta de um apartamento.

***

Reclinou-se e pegou o envelope que tinha o nome dele, as fotos que viu lhe diziam o que seu coração a muito suspeitava sobre ela. Junto dentro uma aliança com o nome dele e, numa folha de papel, três palavras manuscritas: "Quero o divórcio!". Largou o envelope de lado, sob a mesa e foi passar um café. Ela não queria conta-lo, mas queria que soubesse.

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ke ki tu axô...