Do quarto, minha mãe de trinta e nove anos, querendo usar o computador e minha irmã de onze anos, do meu lado na sala, ensinando. Devo dizer que é aos gritos?
- Como faço pra copiar da internet e colar no papel?
- Seleciona, clica com o direito e em copiar.
- Que?
- Clica, segura e arrasta!
- Que?
- Mãe, tá vendo esse tracinho piscando na tela?
- Tô.
- Ele diz onde está o cursor.
- O que?
- O cursor, mãe? Vira-se pra mim e: o que é cursor mesmo? Não respondo.
- Ô, menina., eu só quero tirar da internet e colocar no papel.
- Então?! Clica arrasta, seleciona, clica com o direito, seleciona copiar.
Assombrado pela possibilidade dessa ajuda não está sento útil e querendo poder assistir tevê, opino.
- Acho que ela não está entendendo.
Olhar de reprovação, a voz do guarto novamente:
- Vêm cá ver pra mim que eu não tô conseguindo.
- Ô, mãe, tô vendo tevê. - Juro que me perguntei se isso era possível.
- Vem cá agora!
Bufadas e pisões firmes denunciam a presença de um búfalo indo em direção ao quarto sob a forma de uma garotinha. Do sofá, ouvi as clicadas e a impressora cuspindo papeis como uma louca. Minha irmã não foi mais vista naquela noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
ke ki tu axô...