Depois de casado, me mudei pra uma casa no mesmo bairro que eu já morava. Saí da casa de meus pais, atravessei a rua, dei mais dez passos e entrei na primeira porta que vi aberta. O aluguel é barato, e um barato tembém são as nossas vizinhas baratas. Eu não sabia que no mundo existiam tantas!
Como toda mulher, minha esposa tem o mais completo nojo, horror e abomina esse bichinho. Não sei se é necessário dizer, mas a cada aparição de uma de nossas "amigas", os gritos são ouvidos até pela velha surda, vizinha nossa. Na tentativa de resolver o problema dos gritos, compramos não uma mordaça, mas um iseticida daqueles que aparecem na TV, à base de água.
No inicio era até um pouco engraçado. Agente via o bicho, pegava o spray e toma na cara dele. Depois de uns cinco minutos jazia um cadáver estirado no chão depois de muito se debater e espernear. Mas sabe-se lá por que razão, o veneno não estava mais fazendo efeito. Agente acertava na cara do bichinho o jato de veneno, mas faltava pouco a barata pedir um pedaço de sabonete e um retalho pra tomar um banho. Foi assim até semana passada. Descobrimos num lugares condido da vista do público, longe das prateleiras e dos corredores de supermercado "O Veneno".
O rótulo chamou nossa atenção logo de cara. Nele, caida já sem vida, uma barata que tinha cara de ter sofrido uma morte instantânea, indolor e inodora. Também no rótulo agente lia um monte de avisos do tipo manter longe do alcance de crianças, dos olhos e da pele, use proteção contra radiação e passe bronseador. Quando agente chegou com esse troço em casa, só a presença dele no recinto já causou um reboliço. Sacolas se mechendo, sons de patas por baixo dos móveis, descarga sendo puxada. Agora com ele em casa é só aparecer uma desavisada que agente saca a lata e, depois que é esta vislumbrada pela futura vítima, a barata ajoelha-se e junta as patinha num pedido de clemência. Nem sempre funciona.
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ke ki tu axô...